19 de setembro de 2010

Fundamentalismo x Fundamentalismo Mascarado (Parte II)

Continuação do post anterior...


Enquanto ando por comunidades e comunidades no orkut procurando conhecer novas bandas de hardcore para baixar, acabo passando por comunidades de bandas de punk rock porque as indicações no post da comunidade feitas por membros diziam que aquela banda era de hardcore somente. Ao passo que investigo a comunidade para saber se a banda é de hardcore mesmo ou não antes de baixar o som dessa banda, vejo posts em todas as comunidades de punk rock que indicam as bibliografias mais básicas sobre anarquismo como:
  • História das Idéias e Movimentos Anarquistas. Vol.1 A Idéia e Vol.2.O Movimento, de George Woodock
  • A Desobediência Civil, de Henry David Thoreal (editora L&PM Pocket)
  • A Propriedade é um Roubo, de P.J.Proudhon (editora L&PM Pocket)
  • Textos Anarquistas, de Bakunin (editora L&PM Pocket)
  • Não Devemos Nada a Você!, de Daniel Sinker (Edições Ideal)
  • Una Gira En Sudamerica: Com o Conjunto de Música Rock MERDA, de Fabio Mozine (Edições Ideal)

Terminando o post com a pessoa que indicou os livros acima pedindo pro pessoal indicar mais obras. Me pergunto se em todas essas comunidades de bandas de punk rock - onde evidentemente se encontram muitos anarquistas participando delas - os membros são muito egoístas para dividirem com os outros sua bibliografia ou se a grande maioria não sabe muito sobre anarquismo e a minoria que sabe não divulga seu conhecimento. Sei muito bem que a segunda hipótese é o que acontece, pois na própria comunidade vejo pessoas desinformadas agradecendo essa medíocre bibliografia com a qual irá ler o primeiro, o quinto e o sexto livros citados acima, para tomar nota sobre como, porque, quando e onde começou tudo. Reafirmando o que disse no post anterior, conhecem superficialmente sobre certa ideologia e mesmo quando um chega a conhecer muito, não consegue "transcender" o que sabem, são ináptos para superarem sua concepção de política e gerarem outra, uma que corresponda ao tempo de hoje, que não se identifique nem de perto com o socialismo, nem com o neoliberalismo. Se tornam eternos discípulos de seu(s) mestre(s). Se forem defender com fervor e fanatismo seu ideal, se aprofundem ao menos, não banquem os fodões, tenham ao menos um pouco de humildade (virtude que nos dá o sentimento de nossa fraqueza) e sejam mais sinceros consigo mesmos. Comecem a montar sua biblioteca em casa sobre anarquismo primeiro antes de saírem por aí fazendo e acontecendo, com sua revolução, rebelião e filosofia libertária. Emulem sua concepção de política antes de reivindicarem algo abruptamente.


Se tem alguma coisa de útil e valiosa que aprendi enquanto estou me graduando em História foi em matérias de Teoria da História como: Introdução à História, Metodologia da História e Teoria da História. São matérias que se utilizam de métodos científicos voltados à História. Nelas aprendi conceitos, aportes metodológicos e técnicos da História como Temporalidade, Comparação (análise das estruturas sociais), Quantificação, Singularidade, Generalidade e Historicidade. Dessas, somente a Temporalidade, a Singularidade e a Historicidade nos interessa agora. Singularidade é uma das características mais marcantes da História, ela nos afirma que a história apresenta fatos e acontecimentos singulares, únicos. Que o que passou, passou e não se repete mais. O historiador por causa disso não pode ser o observador do fenômeno que já ocorreu, devido a isto, lhe resta estudar o passado por meio de "documentos incidiários" como disse Julio Aróstegui; somente por meio de documentos do passado teremos um testemunho do que se ocorreu em determinada época, a partir da ótica de quem escreveu aquele documento. A Temporalidade se refere a maneira e os cuidados como iremos estudar a história, evitando anacronismos. É um aporte metodológico que nos auxilia a entender e tentarmos interpretar como viviam os homens de séculos atrás, como sentiam, como amavam, como encaravam determinados acontecimentos... seus valores, o que era considerado normal (dentro dos padrões) ou não, em resumo, tudo o que se relaciona com idiossincrasias. Por fim, Historicidade é a característica quase que inata a um objeto ou a uma pessoa. Um antropólogo nunca iria dizer que um pergaminho escrito a tinta por meio de uma pena de uma ave foi produzido no Paleolítico ou na América no tempo dos Incas, Maias e Astecas. Muito menos supor que um vaso chinês que foi encontrado em um país na América Latina seja prova de que os chineses passaram lá na América Latina antes mesmo da época em que começaram a se produzir os tais vasos na China se ele tiver o mínimo de conhecimento de sua Historicidade. No máximo dizer que o vaso pode ter chegado lá tal ano após ter sido fabricado os primeiros vasos em diante. Os conceitos de Temporalidade, de Singularidade e de Historicidade provam que a história é um eterno devir, em constante mudança, um conceito que vem desde os pré-socráticos com Heráclito de Éfeso com sua famosa frase "Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma mesma substância mortal no mesmo estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da mutação, esta se dispersa e se recolhe, vem e vai." e que foi também usado esse conceito na Índia por Sidharta Gautama (Buda) em seus ensinamentos. Por esses três motivos afirmo que "...mesmo que alguém ou alguma força tentasse implantar em algum país capitalista o comunismo (regime político ultrapassado), este projeto ou intento estaria fadado ao fracasso". Não somente o comunismo como o anarquismo, governos monárquicos e etc. O contexto histório é outro, a cultura e o modo de pensar dos povos hoje em dia impossibilitam ações dessa natureza. Fora que anarquismo, socialismo e outros "ismos" não passam de utopias criadas por autores teóricos que desconheciam a natureza do ser humano. Apesar do neoliberalismo ser desumano e apresentarem falhas em muitos pontos, é a concepção de política que mais compreende a natureza do ser humano. Reitero que não sou a favor por completo do neoliberalismo apesar de aparentar ser, somente estou constatando o que vejo; sou a favor de um modelo de regime político que não seja ultrapassado. O neoliberalismo por enquanto é a bola da vez, corresponde ao seu tempo histórico (Temporalidade), é um acontecimento ímpar (Singular) e está vivendo em meio a homens produtos de seu tempo (Historicidade), e sei que mesmo sem todos lutarem por um regime político inovador (pois nem todos pensam igual), este irá aparecer mais cedo ou mais tarde, assim como a Igreja Católica irá cair e se desmoronar como aconteceu com os maiores impérios já construídos até hoje, porque nada é eterno! Por enquanto é preciso vivermos o presente almejando o futuro com idéias e ações inovadoras.


Reafirmo que não sou anarquista, mas irei indicar obras e autores anarquistas na esperança de ao menos uma alma viva transpor seus ideais. Aqui são alguns autores ou somente anarquistas conhecidos internacionalmente:
  1. Alan Moore
  2. Anselme Bellegarrigue
  3. Benjamin Tucker - defensor do anarquismo individualista
  4. Buenaventura Durruti
  5. David Henry Thoreau
  6. Élisée Redus
  7. Emily Henry
  8. Emma Goldman
  9. Errico Malatesta
  10. Georges Sorel
  11. Hakim Bey - também historiador e pesquisador do Sufismo
  12. Kate Sharpley
  13. Kropotkin
  14. Leon Golgosz
  15. Leon Tolstói - teórico do anarquismo pacifista
  16. Louise Michel
  17. Mary Wollstonecraft - ativista libertária e precursora do feminismo
  18. Max Stirne - anarquista individualista
  19. Noam Chomsky - adepto do socialismo libertário
  20. Ravachol
  21. Ricardo Flores Magón
  22. Rudolf Rocker - anarco-sindicalista
  23. Serguei Guennadievitch Netchaiev
  24. Voltairine de Cleyre
Este post termina por aqui, mas terá a terceira e última parte para mostrar a última bibliografia anarquista e que considero de grande relevância para qualquer anarquista que se preze. Então espero que quem esteja lendo tenha paciência para ler o que escrevo até o fim...

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